Nos dias 23 e 24 de janeiro, deu-se início à segunda edição do projeto RELI – Recreio Escolar Livre de Invasoras, no Município de S. João da Madeira. A Escola Básica e Secundária Dr. Serafim Leite e a Escola Secundária João da Silva Correia regressam ao projeto, no ano letivo 2022/2023, com a mesma motivação e o envolvimento de sete novas turmas para trabalhar o desafio das plantas invasoras nos seus espaços verdes.

O primeiro pilar deste projeto incide sob a capacitação, transmitindo conhecimento sobre a temática das plantas invasoras para os agentes de mudança, os alunos e os seus docentes, saberem o porquê, os seus impactos e como melhor atuar. Durante estes dois dias, a equipa técnica do CRE.Porto, acompanhado pelo Município de S. João da Madeira, realizou sete sessões de capacitação, que abrangeram 144 alunos do oitavo ano e seis docentes, seguidas de idas ao recreio escolar para monitorizar os locais de controlo da primeira edição do RELI, registar eventuais alterações do estado das plantas, identificar e mapear novos focos de invasão.

Na Escola Básica e Secundária Dr. Serafim Leite observou-se com contentamento uma diferença enorme na expansão da erva-das-pampas (Cortaderia selloana), contudo registou-se um pequeno número de indivíduos que rebentaram, dando conta de um exemplar numa parte da escola que o ano passado estava interdita, devido a obras. Por ter diversos canteiros com jardim não cultivado, este estabelecimento é suscetível à invasão, nomeadamente pelas azedas (Oxalis pes-caprae), estando de facto presentes e contempla-se criar uma área de estudo para remover uma mancha desta espécie, de modo a promover um prado nativo. Registaram-se também pontos de monitorização a ter em atenção, devido à escola ter realizado recentemente manutenção dos espaços verdes, o que pode ser um desafio na identificação das invasoras.

Na Escola Secundária João da Silva Correia destaca-se o aparecimento de indivíduos de tintureira (Phytolacca americana) em novos locais, em que um deles foi prontamente arrancado por um aluno por estar a desenvolver-se numa fenda da parede da escola. Monitorizou-se o descasque realizado a uma austrália (Acacia melanoxylon) no ano passado, verificando-se que esta ainda se apresentava com vigor. A presença de uma vedação impede o acesso a uma vasta extensão de austrálias, acácia-de-espigas (Acacia longifolia) e exemplares de robínia (Robinia pseudoacacia). Todavia, foi possível aos alunos consolidarem aspetos ligados à morfologia destas invasoras e verificaram que a sua grande capacidade de produzir sementes e disseminação, já está a originar novos rebentos de austrália no jardim mais próximo. Fizeram também uma observação inédita da presença do controlo biológico Trichilogaster acaciaelongifoliae, um inseto predador da acácia-de-espigas, através da formação de galhas nesta espécie que impedem a sua floração e consequentemente diminui a produção de sementes e a sua dispersão.

A continuidade do projeto revela-se pertinente e importante, pois assim foi possível avaliar o sucesso das intervenções da primeira edição do RELI e ao registar o aparecimento de outras plantas invasoras, os planos de controlo, anteriormente realizados, irão ser ajustados de acordo com as novas informações para planear as ações necessárias para esta época.

Serão estes os próximos passos dos alunos, participantes no RELI, que já têm noção das plantas invasoras existentes nos seus recreios escolares, como também outras mais comuns na nossa região.

O projeto RELI – Recreio Escolar Livre de Invasoras é desenvolvido no âmbito do FUTURO – projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto, em colaboração com a Câmara Municipal de S. João da Madeira e o CRE.Porto. O CRE.Porto é uma rede de educação-ação para a sustentabilidade liderada pela Universidade Católica Portuguesa – Porto e pela Área Metropolitana do Porto.