Com o FUTURO – projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto – pretendemos reabilitar ecologicamente áreas ardidas, degradadas ou subaproveitadas através da adequada gestão da vegetação e da plantação e manutenção de árvores e arbustos nativos da região. As nossas áreas de trabalho estão ao longo das linhas de água, em áreas urbanas e em montes e serras. Porquê?

As áreas de floresta urbana nativa são espaços de elevada qualidade paisagística e de suporte de biodiversidade.

Por exemplo, sabe-se através de estudos científicos que num bosque nativo dominado por carvalhos ocorrem 30-35 espécies de aves nidificantes enquanto num eucaliptal não se encontram mais de 13. Sabe-se ainda que cerca de 45% das espécies portuguesas de mamíferos, aves, anfíbios e répteis e borboletas estão associadas a ecossistemas florestais.

As áreas de floresta urbana nativa garantem-nos uma grande diversidade de serviços dos ecossistemas.

Por exemplo, o controlo da erosão do solo, a regulação hídrica e filtração da água, a reciclagem de nutrientes, a formação de solo, o sequestro de carbono (estima-se que as nossas 100.000 árvores sequestrem 20.280 toneladas de carbono ao longo dos próximos 40 anos), a filtração de poluentes atmosféricos, a suavização do clima (as árvores garantem sombra e ar fresco), produção de matérias-primas, barreira ao ruído, redução do risco de incêndios e de cheias, entre outros.

As áreas de floresta urbana nativa são espaços que melhoram a qualidade de vida das pessoas.

Por isso contribuem para a sua saúde (alguns estudos científicos demonstram o seu papel na redução do stress e no bem-estar geral dos indivíduos, na redução de tempos de convalescença, etc.), para o equilíbrio social e mesmo para a vitalidade económica (vistas para florestas urbanas aumenta a produtividade dos trabalhadores; sabe-se ainda que as florestas urbanas são um dos ambientes de lazer e recreação mais populares na Europa atraindo milhares de visitantes por hectare e por ano).

Cerca de 90% do nosso território florestal está ocupado com monoculturas de eucalipto ou de pinheiro-bravo.

A área total ocupada por floresta na Área Metropolitana do Porto aproxima-se dos 70.000 hectares. As espécies de árvores e arbustos nativos nativos, como o carvalho-alvarinho, o sobreiro, o medronheiro e o azevinho, entre outras, têm uma pobre representação no espaço metropolitano.

Os incêndios são frequentes na Área Metropolitana do Porto.

Entre 2001 e 2010, arderam, em média, 4.800 hectares de área florestal por ano (equivale a 138 vezes a área do Parque Biológico de Gaia!). Os incêndios causam sérios danos ecológicos e materiais e preveni-los é uma prioridade. Está cientificamente demonstrado que as florestas de monocultura são mais suscetíveis aos incêndios do que as florestas mistas. Por isso, criar áreas de floresta nativa diversifica a massa florestal e dificulta a propagação do fogo.

O Plano Estratégico de Ambiente da Área Metropolitana do Porto aponta a necessidade de promover a nossa floresta.

O Plano Estratégico de Ambiente da Área Metropolitana do Porto é um processo participativo no qual colaboraram mais de 5.000 cidadãos, técnicos, decisores políticos, investigadores, concluiu que os ecossistemas florestais e a sua gestão são um grande desafio e aponta como medidas a mobilização dos proprietários florestais e da comunidade em geral, com implementação de um programa de sensibilização envolvendo os cidadãos em iniciativas concretas de promoção da floresta.

Mas porque é importante plantar árvores nativas?

As árvores nativas, isto é, espontâneas desta área, estão bem adaptadas às condições regionais, são importantes na manutenção da biodiversidade, diversificam a paisagem e funcionam como barreiras naturais em caso de incêndio. Além disso, a sua capacidade de sequestro de carbono é considerável. As 100.000 árvores que estamos a plantar contribuem para o sequestro de 20.280 toneladas de carbono ao longo dos próximos 40 anos.

Não somos só nós que afirmamos. As árvores nativas oferecem à sociedade inúmeros benefícios ecológicos, económicos, sociais, culturais. Vários estudos científicos comprovam esses benefícios.

Saiba quais são alguns desses benefícios. Conheça a nossa série “Plantamos árvores, partilhamos testemunhos”. Esta série tem 20 episódios. Em cada um deles um colaborador ativo do FUTURO – projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto – explica alguns dos serviços que as árvores nativas nos oferecem.

A série “Plantamos árvores, partilhamos testemunhos” foi produzida, realizada e dirigida por Gonçalo Santiago, Karina Silva e Maria João Fragoso, com a supervisão do Prof. Rui Nunes, todos da Escola das Artes da Universidade Católica (Porto).