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Texto: Marta Pinto | Foto: Maria Almeida

As partículas (PM) são um dos problemas mais graves detetados na qualidade do ar na Área Metropolitana do Porto. A concentração de PM10 (partículas com diâmetro equivalente ≤10 μm) na região é superior à de Barcelona, Paris e Praga. De acordo com um estudo recente, em cada metro cúbico de ar da AMP estão presentes, em média, 36.2 μg PM10. Em 2012, o limite diário máximo de 50μg PM10/m3 definido na lei foi excedido 49 vezes.

As partículas podem ser diretamente emitidas para a atmosfera (primárias) ou ser formadas através da reação química entre outros poluentes como o dióxido de enxofre e o óxido nitroso (secundárias). As principais fontes antropogénicas de particulas são os motores de combustão (transportes) e a queima de combustíveis sólidos (carvão, lenha), atividades como a mineração, a construção, produção termoelétrica, incineração de resíduos, outras unidades industriais, os incêndios. Inclui-se ainda a erosão do pavimento pelo tráfego automóvel e a abrasão causada pelos travões e pneus.

As partículas PM10 aumentam o agravamento de situação e a mortalidade associada a doenças cardiovasculares, respiratórias e cancro de pulmão. Os grupos mais suscetíveis são pessoas com doenças cardiorespiratórias, bem como as crianças e idosos. A mortalidade aumenta entre 0,2 e 0,6% por cada 10 μg/m3 de PM10 ao qual as pessoas estão expostas, não existindo qualquer evidência de um nível de exposição abaixo do qual não existam efeitos na saúde. No distrito de Lisboa estimam-se 47 casos de mortalidade em cada 100.000 habitantes por ano (para uma concentração média de PM10 = 20 μg/m3).

O que se sabe atualmente é que a presença de árvores nas áreas urbanas reduz os níveis atmosféricos de PM10, pois as árvores funcionam como filtros biológicos. Por exemplo, na Grande Área Metropolitana de Londres, as árvores removem entre 852 e 2.121 toneladas de PM10 por ano. Em Brooklin, 610.000 árvores retêm 68 toneladas e em Washington DC, 1.900.000 árvores retêm 140 toneladas de PM10 por ano.

Através de um exercício aritmético simples (que pode estar sujeito a erro pelo facto de, por exemplo, nem todas as árvores terem a mesma capacidade de retenção de PM10) estima-se que cada árvore pode ser responsável (em média) pela retenção de 74 g a 112g PM10/ano, respetivamente.

Se usarmos como referência estes valores podemos estimar que as 25.228 árvores já plantadas na AMP no âmbito do FUTURO – projeto das 100.000 árvores, poderão remover entre 1.867 a 2.826 kg de PM10/ano. Este é mais um sério motivo para plantar e cuidar das nossas florestas urbanas nativas.