O passado 27 de maio marcou o início da segunda edição da Rota das Árvores do Porto. A primeira visita foi dedicada às Árvores do Romântico. Por isso, o nosso percurso iniciou-se nos Jardins do Palácio de Cristal. Vale a pena assinalar que este foi durante muitos anos o principal espaço verde da cidade.

A tarde estava soalheira e o nosso primeiro ponto de reunião foi, naturalmente, na refrescante sombra de uma excelsa araucária. Foi aí que o Vereador do Pelouro da Inovação e do Ambiente do Porto, Filipe Araújo, nos acolheu, apresentando algumas ações do Município do Porto para aumentar o conhecimento, dispersão, proteção e cuidado das árvores do Porto. A presente Rota das Árvores do Porto enquadra-se nessas ações, já que nos permite, como cidadãos, estar sencientes deste magnífico património vivo da cidade.

No Porto existem 238 árvores classificadas (ou em classificação) como de “Interesse Público” e a nossa visita desta tarde prometia levar-nos junto de sete dessas árvores (ou grupos de árvores) e, em complemento dessas, conhecer muitas mais que não estando classificadas são magníficos exemplares. Entre estas últimas destacamos o gigante ginkgo (Ginkgo biloba) num recanto ao lado da Biblioteca Almeida Garrett. Reza a história (natural) que essa espécie de origem chinesa é um fóssil vivo (a espécie, na Terra há 270 milhões de anos, conviveu com os dinossauros). Considera-se ainda sinal de longevidade por ter sobrevivido às explosões atómicas em Hiroshima.

A nossa visita – guiada pelo arquiteto paisagista João Almeida – foi serpenteante. O João não queria que perdêssemos detalhe de todas as árvores que cuidadosamente selecionou para nos apresentar.

E a primeira foi uma faia-vermelha (Fagus sylvatica cv. Atropurpurea) e continuamos até ao magnífico cedro-do-Oregon (Chamaecyparis lawsoniana), passamos pelo braquiquito (Brachychiton populneus), pela caneleira (Cinnamomum verum), por um magnífico sobreiro (Quercus suber), por uma gigantesca faia (Fagus sylvatica), por cedros-do-Líbano (Cedrus libani), bordos-do-Japão (Acer palmatum) e castanheiros-da-Índia (Aesculus hippocastanum), e levantamos bem a cabeça para apreciar as “7 irmãs” – as delgadas palmeiras de leque do México (Washingtonia robusta) – que fazem parte imprescindível do skyline desta área da cidade.

Não saímos dos Jardins do Palácio de Cristal sem antes apreciar outros dois gigantes; o metrosidero (Metrosideros excelsa), em classificação, e a araucária-de-Norfolk (Araucaria heterophylla), cuja história – assim como de muitas outras – está intimamente ligada com a história dos próprios jardins, cuja construção se iniciou em 1860. Em 1865 realizou-se aí a primeira Exposição Internacional Portuense, com a qual se inaugurou o edifício principal – “Palácio de Cristal”, com uma arquitetura de ferro muito em voga na altura (como a torre Eiffel ou a Ponte Luiz I).

Rumamos depois à entrada da Quinta da Macieirinha, onde fizemos paragem junto ao plátano-híbrido (Platanus x acerifolia) e terminamos a jornada na Casa Tait, onde se concentram várias das estrelas da visita.

A Casa Tait, também conhecida como Quinta do Meio, foi residência de várias famílias inglesas, ficando em 22 de Abril de 1900 na posse de William Tait. Dentro dos muros altos, mantém ainda uma profunda marca característica das famílias inglesas, configurada num belo arranjo e intimidade dos espaços e nas espécies vegetais aí conservadas.

Iniciamos a rota neste espaço apreciando o tulipeiro-da-virgínia (Liriodendron tulipifera), com mais de 250 anos e classificado como de interesse público desde 1950. Passeamos ainda entre o aglomerado de mais de 60 camélias (Camelia japonica) de porte assinalável e com mais de 100 anos. Neste jardim há ainda um outro tulipeiro, com mais de 40 m de altura, que mereceu a nossa atenção.

Para terminar também junto de uma árvore de impressionante figura, reunimo-nos em torno da magnólia-de-flores-grandes (Magnolia grandiflora). Restava apenas uma ou outra das suas enormes flores brancas, já longe do seu apogeu, mas o impecável porte da árvore e o perímetro na base de mais de 6 metros foi o suficiente para nos impressionar.

A próxima visita da Rota das Árvores do Porto (17 de junho) leva-nos numa jornada de conhecimento das Árvores de Cedofeita.

 

FOTOS | Créditos: ©2017CRE.Porto rruiz, ©2017CRE.Porto malmeida, ©2017CRE.Porto mpinto e ©2017CRE.Porto ampereira

A “Rota das Árvores do Porto” é uma iniciativa do Município do Porto integrada no FUTURO – projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto. São parceiros da Rota das Árvores do Porto: Circulo Universitário do Porto, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Condomínio da Baronesa do Seixo, Direção Regional de Cultura do Norte (Casa das Artes), Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, Jardim Botânico do Porto, Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto e Pestana Palácio do Freixo. Colabora o Arquiteto João Almeida.

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