No passado 6 de maio decorreu em Vila do Conde (CMIA) a primeira ação de capacitação para Voluntários do FUTURO e outros cidadãos interessados sobre identificação de Baccharis spicata.

Participaram 25 Voluntários. A apresentação do comportamento e potencial invasor da espécie Baccharis spicata ficou a cargo de Paulo Alves (investigador na área da botânica associado ao CIBIO-UP) e a abordagem sobre como os cidadãos podem identificá-la e mapeá-la foi da responsabilidade de Hélia Marchante (ESAC-IPC) e Elizabete Marchante (CEF-UC).

Aspetos botânicos como folhas “opostas” e “cruzadas” foram facilmente desmistificados pela Hélia e Elizabete, que rapidamente transformam os conceitos em teatro corporal 🙂

A sessão – com uma componente em sala e uma de trabalho de campo – permitiu conhecer a espécie, compreender as variações de fisionomia (jovem, adulto, com floração masculina, com floração feminina) de modo a capacitar os cidadãos para a deteção precoce, bem como a experimentação sobre o terreno do método de arranque. Esta espécie germina de semente e rebenta de touça após o corte.

Veja as FOTOS ©2017CRE.Porto rruiz

Esta atividade foi organizada no âmbito de uma parceria entre o FUTURO – projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto, o CIBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, o Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra e a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra. Colaborou o Município de Vila d Conde, que nos acolheu no seu Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental.

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Baccharis spicata é uma espécie nativa da América do Sul (sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e nordeste e parte central da Argentina) que foi detetada pela primeira vez na Europa há pouco mais de um ano. Em setembro de 2015 duas populações naturalizadas foram detetadas em Portugal, nos arredores do Porto (Matosinhos e Vila do Conde). Está também identificada no território da Póvoa de Varzim.

Há um artigo já publicado em revista científica internacional onde se descreve a espécie ao mesmo tempo que se avalia o seu potencial invasor na União Europeia, com base em variáveis climáticas e usando um protocolo de risco de invasão específico para plantas vasculares. Recentemente foram detetadas novas populações nas imediações do local original, que parecem indicar que a expansão desta espécie com potencial invasor se está a fazer de uma forma rápida. Essa expansão célere poderá fazer com que dentro de alguns anos a espécie seja difícil de controlar devido ao aumento da sua população, o que constituirá um sério problema com elevados custos ecológicos e económicos.

Atualmente toda a literatura científica focada no problema da erradicação de plantas vasculares converge na ideia de que a erradicação de espécies problemáticas só é possível num cenário de deteção precoce, combinada com uma ação física focada em áreas de pequena dimensão. Este tipo de intervenções só é possível com a ajuda de voluntários e com a sensibilização das entidades municipais, já que a eliminação de plantas que não estejam listadas no Decreto-Lei n.º 565/99 só se pode fazer com a boa vontade de todos, incluindo proprietários de áreas privadas onde a espécie se encontre.

A iniciativa em curso, que consiste na erradicação completa de uma espécie com elevado potencial invasor antes que se consuma a sua provável expansão no nosso país, a ter sucesso, poderá dar origem a uma mudança de paradigma capaz de espoletar o interesse das instituições públicas e da sociedade civil na realização de ações semelhantes com outras espécies que sejam precocemente detetadas, evitando que fujam de controlo e aumentem a lista de espécies problemáticas que todos os anos gera custos no valor de milhares de euros por toda a união Europeia.

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