No ano letivo 2023/2024 arrancou a primeira edição do projeto Recreio Escolar Livre de Invasoras (RELI) no Município de Vila Nova de Gaia em quatro estabelecimentos escolares que aceitaram o desafio de saber mais sobre espécies de plantas invasoras e controlar os focos de invasão existentes nos seus espaços verdes: a Escola Secundária Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves, a Escola Secundária Gaia Nascente, Escola Básica Adriano Correia de Oliveira e a Escola Básica Anes de Cernache. Desta forma, pretende-se diminuir a distribuição e disseminação de espécies invasoras nos recreios escolares e ter uma comunidade escolar vigilante e ativa sobre as invasões biológicas, uma das maiores ameaças à biodiversidade. As turmas que integram o projeto são quatro do 3º ciclo de escolaridade, 7º e 8º anos, que em ciências naturais e na disciplina de cidadania e desenvolvimento a temática é relevante nos seus planos curriculares e uma turma de 11º e 12º, onde os jovens no âmbito da disciplina de geografia também vão trabalhar este problema a nível ambiental.

Os dias 4 e 7 de março foram dedicados à primeira fase de atuação do projeto, as ações de capacitação e identificação com mapeamento das plantas invasoras no recreio. A comunidade escolar participante, 114 alunos e 6 docentes, acompanhados pela equipa técnica do Parque Biológico – Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e CRE.Porto, conheceram os conceitos essenciais sobre a problemática das espécies invasoras, as suas características que potenciam uma rápida e abundante dispersão pelo território e as suas consequências, assim como quais as espécies invasoras mais comuns de encontrar e como podemos controlá-las através dos métodos de controlo mais adequados a aplicar consoante cada caso de invasão.

As escolas RELI possuem grandes áreas verdes que se confirmaram estar invadidas, destacando as espécies com mais abundância: a erva-das-pampas (Cortaderia selloana) e a austrália (Acacia melanoxylon), mas também foram identificados indivíduos de tabaqueira (Solanum mauritianum), chorão-das-praias (Carpobrotus edulis), erva-da-fortuna (Tradescantia fluminensis), pitósporo-ondulado (Pittosporum undulatum) e germinação do bordo-negundo (Acer negundo). Os alunos e docentes, na próxima fase, irão planear o seu controlo para não deixar a situação agravar que culminará na realização de ações de controlo para iniciar a remoção dos núcleos de invasoras avistados em cada escola.

Apesar de algumas características das plantas invasoras aparentarem ser interessantes para fins de decoração, recursos materiais, fixação dos solos, entre outros, a sua larga e densa distribuição pela região provoca sérias alterações nas cadeias tróficas, o que leva ao desaparecimento da fauna e a flora nativa, que consequentemente descaracterizam a paisagem do território, sendo necessário despender recursos humanos e, principalmente, financeiros para mitigar os graves impactes negativos associados às espécies invasoras.

Com uma comunidade escolar informada e com vontade de fazer a diferença, o projeto RELI em Vila Nova de Gaia já está a agir em prol das espécies nativas ambicionando recreios escolares sem plantas invasoras.

O projeto RELI – Recreio Escolar Livre de Invasoras é desenvolvido no âmbito do FUTURO – projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto, em colaboração com a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e o CRE.Porto. O CRE.Porto é uma rede de educação-ação para a sustentabilidade liderada pela Universidade Católica Portuguesa – Porto e pela Área Metropolitana do Porto.