No dia 7 de setembro, 32 jovens provenientes dos 17 concelhos da Área Metropolitana do Porto, passaram o dia em Vila do Conde, a contribuir para o restauro ecológico da área florestal da Cividade de Bagunte e para a valorização do património arqueológico ali existente. O grupo, participante da 1ª edição da Academia Metropolitana de Voluntariado, foi recebido pela Vereadora do pelouro da Ação Social, Carla Peixoto, que agradeceu a disponibilidade dos jovens para o voluntariado de cariz ambiental e cultural.

Quanto ao património natural, os Voluntários experienciaram um dos maiores desafios na gestão de áreas florestais da região, as plantas invasoras. Estiveram perante uma área de 18 hectares, propriedade da Câmara Municipal, num povoamento dominado por eucaliptos e pinheiro-bravo e com vários focos de invasão por acácias, em particular da Acacia melanoxylon, vulgarmente designada por “austrália”. Observa-se a presença de espécies autóctones neste povoamento, em particular de carvalhos, sobreiros e castanheiros, mas de forma pouco expressiva. Neste dia, os jovens tomaram consciência da problemática associada às plantas invasoras, do seu impacto negativo para o ecossistema e nas principais formas de controlo destas espécies. Foi evidenciado a importância do trabalho de restauro da floresta autóctone, dos seus benefícios para o ecossistema e para o bem-estar das populações. Sendo que o processo de restauro ecológico deverá ser sempre um processo gradual para a melhor adaptação das espécies sem comprometer os serviços de ecossistema.

Os Voluntários aprenderam a identificar a austrália e, numa clareira, observaram a sua capacidade de rápida colonização e crescimento. Uma vez que as condições ambientais estavam favoráveis e as plantas ainda jovens, foi possível aplicar a técnica do arranque manual a dezenas de austrálias, expondo pequenos carvalhos (Quercus robur) e sobreiros (Quercus suber), que recuperaram terreno para o seu bom desenvolvimento. Já na parcela adjacente, as acácias eram maiores, o que implicou utilizar outro método de controlo, o descasque. Os jovens puderam aprender como aplicar o método e, em trabalho de equipa, controlaram 15 austrálias adultas. Os jovens Voluntários ficaram alertados para a problemática desta invasora, sendo que alguns até acharam o trabalho relaxante, no entanto, tendo sempre em mente o propósito e a pertinência da remoção destas espécies das nossas florestas. É uma luta dura e constante, pois a quantidade de sementes que fica armazenada no solo é enorme e com uma viabilidade até 50 anos, no caso da austrália, contudo é de muito valor a mobilização do cidadão para atuar sobre estas espécies.

Ao nível do património arqueológico, os Voluntários procederam à limpeza de muros, realização de desenho arqueológico e levantamento de cotas para a planta topográfica para a elaboração do mapeamento dos núcleos habitacionais do povoado aqui existente na idade do ferro e posteriormente romanizado.

Foi um dia completo, repleto de momentos enriquecedores dedicados a descobrir o passado e a cuidar do futuro da floresta nativa. Muito obrigad@!

FOTOS | ©2022CRE.Porto.amourao

O trabalho desenvolvido nas ruínas arqueológicas contou com a coordenação do Serviço de Arqueologia do Município com a colaboração da Associação de Proteção ao Património Arqueologia e Museus de Vila do Conde (APPA-VC).

A ação de controlo de invasoras foi desenvolvida no âmbito do FUTURO – projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto, com a coordenação do Gabinete Técnico Florestal da Câmara Municipal de Vila do Conde e o CRE.Porto. O CRE.Porto é uma rede de educação-ação para a sustentabilidade liderada pela Universidade Católica Portuguesa e pela Área Metropolitana do Porto.

A “Academia Metropolitana de Voluntariado” é uma iniciativa piloto da Área Metropolitana do Porto desenvolvida com a Pista Mágica e em parceria com o IPDJ – Instituto Português do Desporto e Juventude e vários municípios, nomeadamente Vila do Conde.