No passado dia 11 de junho, os técnicos das divisões de Ambiente e Educação dos municípios da AMP foram convidados a sentar-se entre carvalhos, amieiros e salgueiros para participar no que viria a ser uma verdadeira aula na Natureza! Esta ação, que contou com dezassete técnicos de Gondomar, Oliveira de Azeméis, Porto, S. João da Madeira, Santa Maria da Feira, Vale de Cambra, Valongo e Vila Nova ed Gaia, decorreu no âmbito do projeto educativo A Natureza é a melhor sala de aula e no seguimento da Ação de Formação para Docentes que decorreu em fevereiro 2019.

Esta ação teve como objetivo principal o de capacitar e inspirar estes técnicos, responsáveis pela gestão dos espaços verdes dos seus municípios e Centros de Educação Ambiental, com exemplos, ferramentas de trabalho e ideias práticas sobre a utilização da Natureza como espaço de ensino-aprendizagem, não só para a comunidade escolar, mas também para os utilizadores desses parques, jardins e centros.

O local onde decorreu a formação, O Parque do Rio UL, em S. João da Madeira, é um exemplo criado do que se propôs abordar nesta formação: um espaço verde urbano, com multi valências que permite não só reavivar a história local, como também dar a conhecer o património natural e cultural e proporcionar oportunidades de aprendizagem e experimentação. Posto isto, estavam reunidas as condições propícias à inspiração, concentração e bem-estar de todos os participantes. Estes benefícios e muitos outros, relacionados com o impacto dos espaços verdes nas crianças, jovens e adultos, quer a nível cognitivo e social, quer a nível fisiológico, foram sendo enumerados na apresentação da Ana Pereira, bióloga, membro do CRE.Porto e responsável pela coordenação do projeto educativo.

Os momentos seguintes foram surpreendentes, ricos em criatividade, histórias, sorrisos, mas também reflexões pertinentes sobre a potencialidade das florestas e da Natureza nos processos de aprendizagem não só na criança, mas também e de forma ainda mais importante no adolescente e no adulto. As educadoras Margarida Pedrosa e Joana Matos da Associação Escola da Floresta – Forest School Portugal, trouxeram vários desafios e dinâmicas de grupo que ajudaram os participantes a conhecerem-se melhor, a descontrair e a olhar para as árvores e espaço que os rodeava, com outros olhos! A sua comunicação trouxe ainda um pouco da história desta metodologia de ensino e a forma como a Forest Shool começa a dar os primeiros passos em Portugal.

Duas Guias do Parque do Rio UL, que dinamizam atividades com as escolas e a comunidade, levaram os participantes a conhecer o Parque de uma forma mais rica e interessante. A Sofia Tavares abordou a biodiversidade da flora e fauna do espaço, curiosamente através da construção de uma mandala, onde após a recolha cuidada por parte de todos, puderam ser apresentadas algumas das espécies existentes, baseado apenas no material recolhido, como folhas, ramos, flores e frutos. Um outro grupo seguiu atentamente as indicações da Marta Seabra, que ao longo deu um pequeno percurso, abordou várias paisagens existentes no Parque.

O inicio da tarde trouxe a oportunidade de conhecermos melhor o que é a “a visão em trânsito” e como um simples detalhe numa árvore ou num espaço pode ser estudado e abordado em áreas muito distintas, com qualquer tipo de grupo. Mariana Roldão, coordenadora do Serviço Educativo Ambiente da Fundação de Serralves, trouxe técnicas para a interpretação da paisagem, não só com desafios artísticos e pedagógicos, mas também reflexões mais introspetivas ou de partilha com todos.

O dia de sol, ainda que com uma brisa fria, terminou com os testemunhos e partilha de experiências e resultados do Projeto “Limites Invisíveis”, com as docentes e investigadoras Aida Figueiredo da Universidade de Aveiro e Maria Emília Biggote da Universidade de Coimbra. Este projeto, que tem as suas raízes na Mata Nacional do Choupal desenvolve atividades totalmente ao ar livre, com inspiração na metodologia da Forest School, com crianças em idade pré-escolar.

A partilha de experiências, métodos de trabalho, mas acima de tudo dificuldades, impactos e resultados deste trabalho nas crianças e suas famílias foram surpreendentes e extremamente inspiradores.

FOTOS | Créditos: ©2019CRE.Porto.malmeida; ©2019PedroSousa

Esta ação de formação foi organizada no âmbito do projeto educativo “A Natureza é a melhor sala de aula”, promovido pelo CRE.Porto – Centro Regional de Excelência em Educação para o Desenvolvimento Sustentável da Área Metropolitana do Porto. O CRE.Porto é uma rede de educação-ação para a sustentabilidade liderada pela Universidade católica Portuguesa e pela Área Metropolitana do Porto. A ação de formação foi desenvolvida em parceria com o Município de S. João da Madeira.