Apresentamos o relato da visita das Rotas das Árvores e da Floresta a Vila Nova de Gaia (ver convite), através das palavras escritas por um dos 31 participantes, Avelino Gamelas (o único totalista das 10 ações realizadas), a quem muito agradecemos a partilha:

“No passado dia 13 de Junho, com ligeira ameaça de chuva, lá nos encontramos mais uma vez junto à Estação de Metro do Polo Universitário para participarmos na última rota deste ano. Levávamos o coração já inundado de saudade e rodeados, tanto de caras conhecidas como de caras novas, lá partimos, conduzidos por um motorista repetente, o Sr. Victor Vilela, rumo ao Parque Biológico de Gaia.

Neste espaço encantador da Cidade de Vila Nova de Gaia, fomos recebidos pelo seu director, Nuno Oliveira, que nos privilegiou com a sua disponibilidade e conhecimentos nesta visita guiada.
Começou por nos fazer uma breve apresentação do parque, aberto nos anos oitenta do século passado, para suprir as necessidades no que dizia respeito à organização de aulas de campo e visitas de estudo para escolas e outras instituições.
A ideia inicial foi a de juntar num único espaço um pouco de quatro mundos:
1. a natureza, sem se fazer uma reserva natural;
2. a fauna, sem se fazer um jardim zoológico;
3. a flora selvagem, sem se fazer um jardim botânico;
4. o património cultural, sem se fazer um museu.
Começou-se com 2 hectares e hoje temos ao nosso dispor 35, com um percurso pré-definido com cerca de 3 km.

Ao longo desse percurso observamos casais de garças que já procriam naturalmente no parque, centenas de tartarugas que são diariamente abandonadas nos diversos espaços públicos da região, uma espécie ameaçada de cágado que aqui é reproduzida e espalhada por todo o país, ostraceiros sobreviventes à tragédia do Cargueiro Prestige, cegonhas, um esquilo bem fotogénico, Bisontes Europeus (os maiores mamíferos terrestres europeus, que podem atingir na sua idade adulta, cerca de 600/700 Kg), um Bufo Real (o maior mocho da Europa) e lontras que invadiram o Rio Febros sem ajuda da mão humana.
Outra das vertentes deste espaço é o tratamento e reabilitação de animais feridos e a guarda de aves exóticas apreendidas.

Naquilo que mais nos dizia respeito, observamos, entre muitos outros, exemplares de medronheiros, loureiros, pinheiros, eucaliptos (apesar da eliminação da grande maioria), amoreiras, carvalhos-negral e outros carvalhos (sobre o qual aprendemos que existe um insecto que lhe faz uma “poda” natural, cortando alguns ramos que ficam pendurados e secos a que os espanhóis chamam bandeirolas). Nesta matéria, o Parque Biológico de Gaia foi-nos apresentado como um bom exemplo de regeneração espontânea nos últimos trinta anos.

Como em tudo na vida, as notícias não foram só das boas. Soubemos que o Rio Febros, aliás, como quase todos os outros, estão cada vez mais poluídos. Depois de uma fase de limpeza e melhoria das condições gerais dos mesmos, a situação tende a inverter-se, pelo que se espera uma mudança de atitude das autoridades perante esta situação preocupante.

A meio do percurso, visitamos o Biorama, um grupo de exposições inauguradas em 2009, depois duma outra em 1995, onde conhecemos cinco ambientes com plantas e animais naturais (quando possível) ou réplicas:
1. Mesozóico: a idade medieval da vida
2. Floresta tropical
3. Savana (com flamingos vivos)
4. Deserto
5. Praia atlântica.
Também ficamos a conhecer um pouco melhor o Escaravelho Vermelho das Palmeiras que chegou a Portugal vindo do Egipto para a Quinta dos Salgados em Albufeira e que rapidamente se espalhou pelo território nacional, matando, praticamente toda a população desta espécie de árvore.
Devido à falta de tempo, não pudemos “espreitar” o moinho, mas, pelo menos, ficou a curiosidade para lá voltarmos.

Já no auditório, aprendemos como podemos fazer um herbário, onde cada folha de papel é um verdadeiro bilhete de identidade da planta respectiva e vimos uma apresentação onde soubemos que a maior colecção do género tem mais de 10 milhões de exemplares e está no Museu Nacional de História Natural de Paris.
Em Portugal, o mais antigo está desde 1772 em Coimbra.
Neste contexto, aconselhamos uma visita ao sítio www.flora-on.pt.

Não pudemos terminar este ciclo de rotas sem visitar um dos mais recentes parques de Vila Nova de Gaia, subordinado ao tema das camélias e com uma vista soberba para a cidade do Porto, o Parque das Devesas.
Ainda na companhia de Nuno Oliveira, fomos recebidos por um belíssimo e acolhedor tulipeiro centenário. Tão acolhedor que foi o local escolhido para a nossa habitual fotografia de grupo.
Convivemos também com uma canforeira fantástica, magnólias magnificientes e infelizmente, o que resta duma faia histórica que a doença não poupou.

Como se tratava da última saída neste conjunto de visitas, por iniciativa e inspiração do Pedro Macedo, o titular absoluto das dez rotas, Avelino Gamelas, teve a oportunidade de fazer um brinde às árvores, com Vinho do Porto da garrafeira particular daquele membro da organização, acompanhado com Broa de Avintes, Bolinhos de Amor (cedidos por um dos plantadores) e Amêndoas, na esperança de que este entusiasmo e entrega se prolongue até à próxima época.”

FOTOS Créditos das fotografias: ©2015CRE.Porto ©2015OrlandoPereira ©2015RenatoGil ©2015VladimiroPereira

Esta atividade desenvolvida no âmbito do FUTURO – projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto, é organizada pelo CRE.Porto, com o apoio do Parque Biológico de Gaia. É cofinanciada pelo ON.2.