Dia 21 de março de 2016 foi o dia do lançamento da Rota das Árvores do Porto, ponto de partida para a jornada que segue até 9 de Julho. A iniciativa teve lugar na Casa da Prelada, uma das casas e jardins mais simbólicos da Cidade, não tivessem sido projetos de Nasoni, um dos arquitetos mais significativos da cidade do Porto. Antes da abertura oficial, todos os participantes foram convidados a conhecer a casa, propriedade atual da Santa Casa da Misericórdia do Porto (SCMP), que representa ao mesmo tempo um dos anfitriões desta iniciativa. A visita guiada, realizada por Marco Santos, da SCMP, levou os participantes a percorrer as várias divisões e espaços do interior, delicadamente recuperados para usufruto de todos. Este espaço funciona agora como equipamento cultural, biblioteca e repositório do arquivo histórico da SCMP, reunindo um valioso acervo documental essencial também para o conhecimento da história da Cidade invicta.
Com a imponente Araucária como pano de fundo, que se via por entre o xadrez de vidros do auditório, seguiu-se a sessão de abertura numa das salas de arquitetura mais contemporânea da Casa da Prelada. A sessão contou a abertura do Mesário do Culto e Cultura da SCMP, Francisco Ribeiro da Silva, seguindo-se o Vereador do Pelouro da Inovação e Ambiente da Câmara Municipal do Porto, Filipe Araújo, e Pedro Macedo, da Universidade Católica Portuguesa. A tónica em todos os depoimentos foi a necessidade de aproximar os Portuenses, e não só, dos seus espaços verdes emblemáticos e relembrar que estes não constituem exclusivamente os parques urbanos, sendo que, uma parte significativa do património arbóreo encontra-se em jardins privados da Cidade. Graças a esta iniciativa vários serão os que irão abrir as suas portas.
Francisco Ribeiro da Silva relembrou o papel simbólico da Árvore na nossa cultura, destacando a “Árvore da Sabedoria” de cujos frutos Eva e Adão provaram. Filipe Araújo relembrou os recentes apelos do Papa Francisco na sua “encíclica verde”, tendo ambos convergido na análise de que com a proteção do ambiente é essencialmente a “salvação do Homem” que está em causa.
Pedro Macedo apresentou o programa da Rota das Árvores do Porto e evocou a memória de Nicolau Nasoni que tem na prelada a sua maior e mais significativa obra de arquitetura paisagista. Referiu a curiosidade desta Quinta ter sido palco da rodagem de muitos filmes do início do século XX rodados pela Invicta Filmes, estudos cinematográficos abertos em 1918 em terrenos que pertenciam à Quinta.
Apesar do céu um pouco escuro, S. Pedro não se fez rogado e na descoberta dos jardins da Prelada os guarda-chuvas e impermeáveis foram adereços não obrigatórios. Conhecer um jardim histórico com ajuda de um guia é a prática mais comum e certamente a mais previsível. No entanto a novidade e a surpresa serão premissas que se vão encontrar ao longo da Rota das Árvores do Porto. Assim sendo, todos os participantes foram convidados a conhecer os jardins através de um inusitado “tree paper”. Charadas e questões, sinais e rimas, colocaram todos de olhos bem atentos e sensíveis a todos os detalhes, desde as obras de arte às árvores. Neste espaço, os participantes puderam passear e perder-se no magnífico labirinto de buxos da Prelada, considerado um dos maiores da Península Ibérica e seguramente o único exemplar do séc. XVIII existente na cidade. Saídos do labirinto, puderam ainda contemplar o esplendor e a forma peculiar de cinco enormes cedros que se uniam quase num só. Junto de um “abrigo” feito de camélias, os participantes eram aliciados a parar e ouvir poemas declamados pelo convidado Abílio Santos, dedicados à árvore. De António Gedeão, Torga a Eugénio de Andrade, vários foram os que se ouviram com diversas odes à árvore e à natureza, não se celebrasse neste mesmo dia, os Dias Internacionais da Poesia e da Floresta.
Terminada a jornada, todos subiram novamente até à entrada da Casa para uma última conversa com a Arquiteta Marta Cudell, responsável pelo projeto de recuperação dos jardins, que partilhou generosamente com todos os processos e a evolução dos trabalhos de recuperação dos mesmos e os desafios que este e outros jardins históricos da cidade enfrentam, tendo em conta uma nova realidade, mas simultaneamente um novo interesse por parte das populações.

Tal como prometido a todos os que concluíram o “tree paper”, as respostas a este disponíveis AQUI.

FOTOS | Créditos: @2016CRE.Porto|ampereira & @2016CRE.Porto|malmeida

A Rota das Árvores do Porto é promovida pelo Município do Porto no âmbito do FUTURO – projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto. Na Rota das Árvores são parceiros a Santa Casa da Misericórdia do Porto, a Metro do Porto, a Ordem dos Médicos (Secção Regional do Norte), o CRE.Porto e a Árvore – Cooperativa de Atividades Artísticas.