day1 #diversityAs florestas estão entre os ecossistemas terrestres de maior complexidade estrutural, o que se reflete na grande diversidade de espécies de plantas (criptogâmicas e vasculares), animais (invertebrados e vertebrados), fungos, líquenes e microrganismos. Estes seres vivos distribuem-se desde as camadas profundas do solo até à copa das árvores, estabelecendo-se comunidades biológicas específicas em cada estrato mas todas interdependentes (Honrado et al, 2011). Uma ampla revisão bibliográfica permite afirmar o que parece óbvio: quanto maior é a biodiversidade presente maior é a resiliência das florestas e maior é o leque e a qualidade dos serviços ecológicos prestados (Cardinale et al, 2012; Lefcheck, 2015).

Estudos diversos indicam que, na Península Ibérica, as florestas nativas (mesmo quando exploradas comercialmente) albergam uma maior biodiversidade (plantas vasculares, aves, mamíferos) em comparação com as explorações de eucalipto (Proença et al, 2010; Calviño-Cancela et al, 2012; Calviño-Cancela et al, 2013; Cruz, 2014; Cruz et al, 2015). Também isto parece óbvio.

Talvez menos óbvio seja a importância das espécies nativas e da diversidade no armazenamento de carbono, um dos importantes serviços ecológicos que as florestas prestam à sociedade. De facto, o carbono é armazenado nas árvores (raízes, ramos, folhas, troncos) mas principalmente no solo, que pode armazenar até quatro vezes mais carbono do que as próprias árvores. E o que se sabe é que o maior armazenamento de carbono no solo acontece principalmente associado a florestas de folhosas caducifólias (carvalhos, freixos e bétulas) (Doblas-Miranda et al, 2013) e a riqueza estrutural de espécies, principamente de folhosas, tem um efeito positivo nesse armazenamento (Vayreda et al, 2012). Há evidências de que espécies fixadoras de azoto (N), como por exemplo o amieiro (Alnus glutinosa), podem também aumentar a capacidade de retenção de carbono no solo (Resh et al, 2002). E há ainda estudos que asseguram que investir em plantações intensivas (de pinheiro e eucalipto) com o argumento de armazenar carbono é apenas um trade-off entre carbono e água já que estas explorações têm um forte impacto negativo nos aquíferos e no solo (Jackson et al, 2005).

Mas definitivamente ainda pouco óbvio para a maioria é o facto de as florestas de produção serem menos produtivas em monocultura. A produção de biomassa lenhosa pode ser 41% superior quando são usadas cinco espécies em vez de uma (Gamfeldt et al, 2013). Este efeito também ocorre no ambiente mediterrânico (Vilà et al, 2007).

Dá que pensar.

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