Pequena árvore ou arbusto, o Teixo pode alcançar os 20 m de altura. De folha persistente, copa cónica e larga, é uma espécie de crescimento lento e de grande longevidade, podendo ultrapassar os mil anos de idade.

Surge em zonas montanhosas, preferencialmente junto de linhas de água, em vales profundos, ou em encostas íngremes. Em Portugal, surge nas Serras do Gerês, Montesinho e Estrela. Num contexto urbano, o Teixo é apreciado como planta ornamental, pois demonstra tolerância à poluição e grande resistência à poda, sendo uma planta frequentemente usada para execução de sebes e topiaria.

O seu tronco é longo, sinuoso e ramificado desde a base, podendo tornar-se parcialmente oco com a idade. Exibe uma casca de tom castanho-avermelhado que se descama em tiras ou placas, deixando manchas avermelhadas. As suas folhas, de tom verde-escuro, são glabras, achatadas e de forma linear, apresentando bandas estomáticas bem diferenciadas sobre a parte inferior e tom mais claro. De ápice agudo e duro, inserem-se em espiral mas dispostas em 2 fileiras aplanadas de cada lado dos raminhos, por torção dos pecíolos. As flores, unissexuadas, dispõem-se em exemplares diferentes. As masculinas surgem solitárias nas axilas das folhas, constituídas por um agregado esférico de anteras amareladas. As femininas surgem solitárias ou em pares e apresentam uma tonalidade verde. O falso fruto é constituído por uma semente parcialmente envolta por uma estrutura carnosa e escarlate, em forma de taça – o arilo.

Casca, folhas e sementes apresentam elevada toxicidade, pelo que o Teixo sempre foi associado a superstições e mitos. Na verdade, de toda a planta, apenas o arilo, estrutura carnosa de cor vermelho vivo, pode ser ingerido.

A maioria das histórias mitológicas, associadas ao Teixo, relacionam-se com a morte e a punição – como é o caso das Erínias (Tisífone, Megera e Alecto) que na mitologia grega personificavam a vingança e puniam os mortais e que tinham o teixo como árvore sagrada, usando-o para dos seus ramos fazer gotejar água purificadora ou como tochas flamejantes.

Na era cristã, foi frequentemente plantado em cemitérios e adros de igrejas onde, simultaneamente, era associado à morte e à eternidade e ressurreição – ora pela sua toxicidade ora pela sua longevidade e folhas sempre presentes. Referido por Shakespeare na sua obra, adornava mortalhas e grinaldas de carros fúnebres e os celtas usavam-no para velar os seus mortos.

Mas o Teixo é também símbolo de força e de proteção, associado às mulheres guerreiras da mitologia britânica e irlandesa e colocado ao pescoço de recém-nascidos, em pequenas grinaldas elaboradas das suas folhas, protegendo-os de encantamentos. Este costume poderá ter origem no desagrado que o Teixo se diz ter em bruxas e feiticeiras, pois ele era plantado e crescia junto a igrejas.

Desde a era romana que se acreditava que adormecer sob um Teixo poderia causar um sono eterno, mas este era precisamente o local de eleição para os sonos de Darwin, que terá desejado ser sepultado debaixo do Teixo que, junto a uma igreja em Kent, lhe velava os sonos.

Mas se a existência do Teixo é rica em lendas e mitos, também o é em utilizações práticas. Embora tóxico, o Teixo foi usado na medicina tradicional por apresentar propriedades abortivas, emenagogas, cardiotónicas, anticonvulsivantes e expetorantes. Atualmente, o principal interesse volta-se para as propriedades com ação anti tumoral que estão presentes numa substância (um taxano análogo ao taxol) que se pode extrair da sua casca e folhas, ainda que em quantidades reduzidas mas que possibilita a semi-síntese laboratorial do fármaco. A decocção das suas folhas permite a produção de um inseticida, ainda hoje usado na Suíça para afastar os insetos do gado. Das folhas e frutos é produzido um engodo venenoso para os peixes, usado em algumas regiões asiáticas. Da sua madeira, de aspeto homogéneo e grande dureza, mas com propriedades de elasticidade e flexibilidade, sempre foram feitos arcos e flechas para a caça e para a guerra (frequentemente embebidas em preparações tóxicas retiradas do tronco, como refere o imperador Júlio César).

Por ser também muito resistente ao apodrecimento, a madeira do Teixo terá sido usada para os sarcófagos de alguns faraós e para estacaria das fundações de Veneza. Uma lança encontrada na Grã-Bretanha é talvez a melhor representação da sua durabilidade, com uma datação que a coloca num período anterior a 8000 anos antes de Cristo, ela é considerada o artefacto de madeira mais antigo encontrado naquela região. Atualmente, a madeira de Teixo é usada para peças de mobiliário delicado e de boa qualidade, conferindo uma tonalidade avermelhada a tais peças bem como para pegas de ferramentas. Das raízes fibrosas do Teixo são fabricados arcos para violinos.

Se por um lado o nome do Teixo, Taxus baccata, parece surgir emprestado pelas suas características e utilizações (o nome genérico Taxus terá origem grega no termo toxon que significa arco e o restritivo específico baccata será uma alusão de origem latina ao arilo, que se assemelha a uma baga carnosa), por outro é ele quem parece emprestar o seu nome aos portugueses de nome Teixeira e a algumas localidades como Teixelo (em Viseu) e Teixoso (na Covilhã).

Texto: Mariana Santos | Foto: Marta Pinto

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Características

  • Altura: Até 25 m

  • Fruto: Não originam fruto. Semente nua envolvida por um arilo.

  • Habitat: Na próximidade de cursos de água. Prospera em qualquer tipo de solo. Necessita de humidade ambiental, prefere a sombra e resiste bem ao frio.