O Pilriteiro (Crataegus monogyna) é um arbusto ou pequena árvore da família Rosaceae (que inclui igualmente os morangueiros, as macieiras, as roseiras, as pereiras, as amendoeiras, entre outros) que pode atingir os 8 a 10 m de altura mas normalmente não ultrapassa os 4 m. Pode atingir os 500 anos de idade. Tem folha caduca.
Esta espécie é também chamada “espinheiro-branco” porque possui uns espinhos longos e aguçados nas axilas das folhas.
A palavra Crataegus provém do grego krátaigos (kratýs + aigos). Kratýs significa forte ou robusto e aigos está associado à palavra cabra.
O Pilriteiro é espontâneo na Europa, Ásia e norte de África e está presente em praticamente toda a Peninsula Ibérica.
Ocorre em climas frios e cálidos, desde o nível do mar até elevadas altitudes.
Uma das suas características distintivas são as flores brancas ou rosáceas em corimbo (grupo) que, quando fecundadas, no final do verão resultam num fruto vermelho (se maduro) mais ou menos do tamanho de uma ervilha. Este fruto – chamado pilrito – é comestível embora não seja muito saboroso quando ingerido em cru. Com ele elaboram-se deliciosas compotas ou vinho. Em assentamentos pré-históricos foram encontradas sementes de pilrito. Suspeita-se que faziam parte frequente da alimentação humana.

Estes arbustos também são usados como porta-enxertos de pereiras e de outras fruteiras desta família.

O Pilriteiro tem substâncias nas folhas e flores que são usadas em caso de insuficiência cardíaca e problemas cardiovasculares (melhora a circulação, usado em casos de angina de peito, arritmias, taquicardias, entre outros). As flores colhidas na primavera e secas constituem um excelente tónico cardiaco e também têm propriedades sedantes e antiespasmódicas. Foi demonstrado que dilatam as coronárias pelo que são recomendadas para a arteriosclerose e angina de peito.

No passado, o pilriteiro chegou a ser considerada uma planta infernal, pelos seus frutos vermelhos. No tempo da Grécia antiga e mesmo em Roma, o pilriteiro era uma planta proíbida dentro das casas, porque se acreditava que propiciava Artemis, uma deusa contrária às uniões monogâmicas e aos seus frutos. Por isso nos casamentos levavam-se cinco tochas feitas de madeira de pilriteiro. E anualmente os casais ofereciam ramos de pilriteiro floridos a Maia. Esta oferenda acontecia no mês de maio, mês da purificação geral.

O pilriteiro foi posteriormente resgatado pelo cristianismo: a coroa de espinhos de Cristo teria sido elaborada com esta planta. E por isso, de árvore maldita passou a protetora, sendo ainda colocada em alguns locais estratégicos das casas para afastar os maus espíritos, mas sempre no exterior, não vá Artemis tecê-las… 🙂

Texto: Marta Pinto | Foto: Marta Pinto

Bibliografia:

González, G.A.L, 2013. Guia de los árboles y arbustos de la Península Ibérica y Baleares. 3ª edición. Ed. Mundi-Prensa. 894pp.
Villén, A.R., 2010. Senderos entre los árboles. Alymar Ediciones. 384pp.
Chang, Q., Zuo, Z., Harrison, F., & Chow, M. S. S. (2002). Hawthorn. The Journal of Clinical Pharmacology, 42(6), 605-612.

Características

  • Altura : Normalmente 4m. Pode chegar a 8-10m.
  • Fruto : Drupa vermelha ou vermelho-acastanhada (pilrito), pouco maior que uma ervilha.
  • Habitat : Espontâneo em diversos tipos de solos, preferindo-os soltos e frescos.