Reproduzido a partir do original (Armson et al. 2013)

Um recente estudo realizado por investigadores da Universidade de Manchester mostra que as árvores em contexto urbano têm uma enorme capacidade de reduzir a água de escorrência após episódios de chuva, o que é extremamente vantajoso para mitigar cheias e danos nos sistemas de saneamento urbano (90% da água entra em poucos minutos neste sistema).

O estudo comparou 9 lotes de 3X3 m cobertos apenas com asfato e 9 lotes de 3X3 m cobertos com asfato mas onde existia uma árvore* e respetiva área de implantação (1X1m) e comparou a capacidade de absorção de água de ambos os conjuntos de lotes em períodos de precipitação (também testaram 9 lotes com relva).

A escorrência dos lotes com asfalto é de 62% (inverno) enquanto que os lotes com árvores têm uma taxa de escorrência de apenas 26%. Esta redução deve-se ao efeito de intercepção da chuva pelas folhas, ramos e tronco da árvore, bem como à infiltração através da área de implantação da árvore. Um outro estudo realizado em Lisboa conclui que cada árvore da cidade intercepta 5m3 de água da chuva por ano.

Estudos anteriores já tinham concluído o enorme valor das árvores na redução da água de escorrência em contextos agrícolas, florestais e em parques urbanos. No caso declives cobertos de floresta alguns estudos mostram que apenas 16% da água da chuva escorre à superfície. A restante água fica retida na árvore e infiltra-se no solo. Por este motivo as florestas nativas são importantes na recarga dos lençóis freáticos.

*As 9 árvores usadas na experiência eram da espécie Acer campestre, com idade entre 7 e 9 anos, diâmetro da copa de 3.27±0.66m2 e altura de 4.89±0.10 m.